O que são FODMAPS e como eles influenciam na saúde digestiva do seu filho
- Betina Meazza
- 16 de set. de 2022
- 3 min de leitura

Você já deve ter passado por essa situação: prepara para seu filho uma refeição balanceada com arroz, feijão, couve-flor e melancia de sobremesa. Depois de comer, ele se queixa de sentir dor abdominal e você pensa: “ele comeu apenas alimentos saudáveis, como isso foi fazer mal?”. Isso pode ter ocorrido porque a refeição era rica em alimentos na categoria dos FODMAPs.
O que é FODMAP?
O termo vem o inglês (monossacarídeos, dissacarídeos, oligossacarídeos e polióis fermentáveis), e é uma sigla que basicamente designa os carboidratos de cadeia curta que são mal absorvidos e altamente fermentáveis no intestino delgado.
A proposta e teoria do benefício de uma dieta com baixo teor de FODMAPs surgiu em meados de 2005 a partir de um estudo de Gibson e Shepherd.
Alimentos com grande quantidade de FODMAP:
Há uma grande variedade de alimentos com essa característica. Entre eles, listamos alguns comuns na nossa dieta:
Alimentos ricos em frutose: maçã, manga, pera, melancia, frutas secas, sucos concentrados, mel e melado.
Alimentos que contém lactose: leite de vaca, de cabra, ovelha e derivados.
Oligossacarídeos: cebola, alho, alho poró, trigo, cuscuz, farinha e massa de trigo, centeio, beringela, repolho, brócolis, feijão, lentilhas e grão de bico não enlatados.
Polióis: couve-flor, cogumelos, abacate, ameixa, xilitol e manitol.
Estes são apenas alguns exemplos, há diversos alimentos que são ricos em FODMAP.
O que acontece no sistema digestivo ao ingerir alimentos dessa categoria?
Segundo esse estudo, carboidratos mal absorvidos atingem o cólon não digeridos, lá são fermentados pela flora do cólon, levando à maior osmolaridade luminal (água em excesso é “puxada” para as fezes, gerando evacuação menos consistente) e geração de gás.
Em algumas pessoas, essa fermentação pode levar a sintomas gastrointestinais como dor abdominal, flatulência, inchaço e diarreia, comum em distúrbios gastrointestinais funcionais.
Isso significa que preciso cortar os FODMAPs da dieta do meu filho?
Nem pensar! Apesar de parecer uma boa ideia uma alimentação sem algo que causará flatulência, vale sempre lembrarmos que há muitos alimentos de enorme valor importância nutricional no rol dos FODMAPS como frutas, verduras, leguminosas, leite e derivados, bolos e pães, e por aí vai. Então, nada de restringir esses alimentos!
Se os FODMAPs não são os vilões, por que meu filho se sente mal após comer?
Muitas vezes, há alguma outra causa de base para os sintomas da criança. Quando o cardápio do dia acaba ficando mais rico nos FODMAPs, fica mais perceptível para a família algo que na verdade já existia. Por exemplo: alguém que é constipado crônico, que fica com abdômen distendido e muitos gases ao comer uma sopa de feijão. Seria “culpa” do feijão, ou será que o problema é a constipação que não está sendo adequadamente tratada? Na maioria das vezes, a necessidade do paciente é de diagnóstico correto do problema subjacente por um especialista e o manejo raramente obrigará uma dieta de restrição.
Em quais casos a dieta restritiva é indicada?
A dieta que restringe FODMAPS não é algo extensivamente estudado em pediatria. De acordo com o último posicionamento da sociedade europeia de gastroenterologia pediátrica de 2022, o que se sabe de forma contundente é que há uma certa evidência em realizar a restrição na síndrome do intestino irritável. Ela é uma doença funcional, caracterizada por dor abdominal, alteração da frequência e aparência das fezes, diagnosticada após excluir diversas outras possibilidades.
Para as demais doenças, há uma falta de evidência científica para recomendar uma dieta de restrição nas crianças de forma rotineira, daí a importância em realizar a avaliação com um especialista na área, para individualizar caso a caso e decidir de forma cuidadosa se há realmente a necessidade de restringir algum alimento, evitando assim possíveis danos nutricionais.



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